
A temperatura da Terra está subindo. Os eventos climáticos extremos estão se intensificando. Ecossistemas inteiros estão desaparecendo. Este não é mais um problema do futuro distante – as mudanças climáticas já estão transformando drasticamente nosso planeta e afetando milhões de vidas. Seja na forma de enchentes devastadoras, secas prolongadas ou ondas de calor mortais, estamos vivenciando em tempo real os efeitos de décadas de interferência humana nos delicados sistemas climáticos da Terra.
Neste artigo abrangente, vamos explorar o que realmente são as mudanças climáticas, suas causas principais, seus impactos já observáveis e, mais importante, o que ainda podemos fazer para mitigar seus efeitos mais catastróficos. Compreender esta crise é o primeiro passo para que possamos enfrentá-la efetivamente.
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ToggleMas o que são realmente as mudanças climáticas?
As mudanças climáticas representam alterações significativas e duradouras nos padrões meteorológicos ao longo de períodos extensos. Diferentemente das variações climáticas normais, que ocorrem naturalmente ao longo do tempo, as mudanças climáticas atuais estão acontecendo em uma velocidade sem precedentes, principalmente devido às atividades humanas.
Para entender verdadeiramente o que está acontecendo, é preciso diferenciar tempo e clima. O tempo refere-se às condições atmosféricas em um determinado momento e local – se está chovendo, ensolarado ou ventando hoje. Já o clima descreve os padrões meteorológicos de longo prazo em uma região específica. Quando falamos de mudanças climáticas, estamos nos referindo a alterações persistentes nesses padrões de longo prazo.
De acordo com os dados mais recentes da NASA e da NOAA (Administração Oceânica e Atmosférica Nacional), a temperatura média global aumentou aproximadamente 1,1°C desde a era pré-industrial. Este valor pode parecer pequeno, mas representa um desequilíbrio significativo nos sistemas climáticos da Terra, causando efeitos em cascata que estão remodelando nosso planeta.
Os registros históricos de temperatura, obtidos por meio de análises de anéis de árvores, núcleos de gelo e sedimentos oceânicos, mostram claramente que o aquecimento atual está ocorrendo cerca de dez vezes mais rápido do que a taxa média de recuperação dos períodos de glaciação. Este ritmo acelerado é o que torna as mudanças climáticas atuais tão preocupantes para cientistas e formuladores de políticas em todo o mundo.
As principais causas das mudanças climáticas
As mudanças climáticas resultam de uma complexa interação entre fatores naturais e atividades humanas. No entanto, o consenso científico é claro: as atividades antropogênicas (causadas pelo homem) são o principal motor das alterações climáticas observadas desde meados do século XX. Vamos examinar as causas mais significativas:
Emissões de gases de efeito estufa
O efeito estufa é um processo natural e essencial para a vida na Terra. Gases como dióxido de carbono (CO₂), metano (CH₄) e óxido nitroso (N₂O) formam uma camada na atmosfera que retém parte do calor solar, mantendo o planeta em temperaturas adequadas para a vida. Sem o efeito estufa natural, a temperatura média da Terra seria cerca de -18°C, tornando o planeta inabitável.
O problema surge quando as atividades humanas aumentam drasticamente a concentração desses gases na atmosfera, intensificando o efeito estufa e elevando as temperaturas globais a níveis perigosos. Segundo o último relatório do IPCC (Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas), as concentrações atmosféricas de CO₂ aumentaram em mais de 48% desde a Revolução Industrial, atingindo níveis não vistos em pelo menos 800.000 anos.
Queima de combustíveis fósseis
A principal fonte de emissões de gases de efeito estufa é a queima de combustíveis fósseis como carvão, petróleo e gás natural para geração de energia, transporte e processos industriais. Aproximadamente 73% das emissões globais de gases de efeito estufa são provenientes do setor energético.
Quando queimamos combustíveis fósseis, liberamos carbono que ficou armazenado no subsolo por milhões de anos, desequilibrando o ciclo natural do carbono. A geração de eletricidade e calor é responsável por cerca de 31% das emissões globais, enquanto o transporte contribui com aproximadamente 16% e a indústria com 21%.
Em 2023, apesar do crescimento significativo das energias renováveis, os combustíveis fósseis ainda representavam mais de 80% da matriz energética global. A transição para fontes de energia limpa e renovável é, portanto, um componente crucial na luta contra as mudanças climáticas.
Desmatamento e mudanças no uso da terra
As florestas são sumidouros naturais de carbono, absorvendo CO₂ da atmosfera através da fotossíntese. Quando as florestas são derrubadas ou queimadas, o carbono armazenado é liberado de volta para a atmosfera, contribuindo para o aquecimento global.
De acordo com dados recentes, aproximadamente 12 milhões de hectares de florestas são destruídos anualmente, o equivalente a 30 campos de futebol por minuto. O desmatamento, principalmente para a expansão agrícola, é responsável por cerca de 10% das emissões globais de gases de efeito estufa.
A Amazônia, a maior floresta tropical do mundo, já perdeu cerca de 17% de sua cobertura original. Estudos indicam que se o desmatamento continuar no ritmo atual, a floresta pode atingir um “ponto de inflexão” onde não será mais capaz de se sustentar como um ecossistema florestal, transformando-se em uma savana. Isso liberaria enormes quantidades de carbono armazenado, acelerando ainda mais o aquecimento global.
Agricultura e pecuária
A agricultura e a pecuária são responsáveis por aproximadamente 24% das emissões globais de gases de efeito estufa. O metano liberado pela digestão do gado (fermentação entérica) é um poderoso gás de efeito estufa, cerca de 28 vezes mais potente que o CO₂ em um horizonte de 100 anos.
Além disso, o uso de fertilizantes nitrogenados na agricultura libera óxido nitroso, que tem um potencial de aquecimento global 265 vezes maior que o CO₂. A expansão de terras agrícolas e pastagens também contribui para o desmatamento, amplificando o impacto climático do setor.
Pesquisas recentes indicam que a adoção de práticas agrícolas sustentáveis, como a agricultura regenerativa e a agroecologia, poderia não apenas reduzir as emissões do setor, mas também transformar terras agrícolas em sumidouros de carbono, ajudando a mitigar as mudanças climáticas.
Consumo excessivo e estilos de vida insustentáveis
Nossa sociedade de consumo tem um papel significativo nas mudanças climáticas. A produção de bens de consumo, desde alimentos até eletrônicos e roupas, gera emissões em toda a cadeia de suprimentos, desde a extração de matérias-primas até o descarte.
Um dado alarmante mostra que a parcela 1% mais rica da população global é responsável por mais emissões de gases de efeito estufa do que os 50% mais pobres combinados. Isso destaca a desigualdade nas responsabilidades pelas mudanças climáticas e a necessidade de abordar padrões de consumo insustentáveis, especialmente nos países desenvolvidos.
A “pegada de carbono” média de um cidadão dos Estados Unidos é aproximadamente 15 toneladas de CO₂ por ano, em comparação com menos de 2 toneladas para um cidadão da Índia. Esta disparidade sublinha a importância de considerar a justiça climática ao desenvolver soluções para a crise climática.
Os impactos já visíveis das mudanças climáticas

As mudanças climáticas não são uma ameaça distante – seus impactos já estão afetando ecossistemas e comunidades em todo o mundo. Mas entender esses efeitos é crucial para adaptação e resiliência. Vamos examinar os principais impactos:
Eventos climáticos extremos
Um dos sinais mais evidentes das mudanças climáticas é o aumento na frequência e intensidade de eventos climáticos extremos. Ondas de calor, tempestades severas, inundações e secas estão se tornando mais comuns e mais intensas.
O ano de 2023 foi o mais quente já registrado, com ondas de calor devastadoras afetando diversas regiões do mundo. Na Europa, uma onda de calor recorde causou mais de 7.000 mortes relacionadas ao calor. No Brasil, registros de temperatura ultrapassaram os 40°C em diversas regiões, incluindo áreas que historicamente apresentavam climas mais amenos.
Eventos de chuvas extremas também têm aumentado significativamente. Em 2022, as enchentes no Paquistão inundaram um terço do país, afetando mais de 33 milhões de pessoas e causando danos estimados em mais de $30 bilhões. No Brasil, as recentes enchentes no Rio Grande do Sul em 2023 e 2024 evidenciam como esses eventos extremos estão se tornando mais comuns.
Elevação do nível do mar
O aquecimento global está causando a elevação do nível do mar através de dois mecanismos principais: a expansão térmica da água do oceano (a água se expande quando aquecida) e o derretimento das calotas polares e geleiras.
Desde 1880, o nível médio global do mar subiu cerca de 21-24 centímetros, com quase um terço desse aumento ocorrendo nas últimas duas décadas. A taxa atual de elevação é de aproximadamente 3,7 milímetros por ano, mais do que o dobro da taxa observada durante o século XX.
As projeções indicam que, sem uma redução significativa nas emissões de gases de efeito estufa, o nível do mar pode subir entre 0,6 e 2,1 metros até 2100, ameaçando cidades costeiras em todo o mundo. Cidades como Rio de Janeiro, Recife e Santos enfrentarão desafios significativos com a elevação do nível do mar, incluindo erosão costeira, inundações e intrusão salina em aquíferos de água doce.
Perda de biodiversidade
As mudanças climáticas estão acelerando a perda de biodiversidade global, que já ocorre a uma taxa alarmante devido a outras pressões humanas como desmatamento e poluição.
Um relatório recente da Plataforma Intergovernamental sobre Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos (IPBES) estima que cerca de 1 milhão de espécies animais e vegetais estão ameaçadas de extinção nas próximas décadas, com as mudanças climáticas sendo um fator agravante significativo.
Ecossistemas sensíveis como recifes de coral estão particularmente ameaçados. O aumento da temperatura dos oceanos tem causado eventos de branqueamento em massa, com a Grande Barreira de Corais da Austrália sofrendo quatro eventos severos desde 2016. No Brasil, os recifes de Abrolhos, o maior sistema coralíneo do Atlântico Sul, também têm registrado eventos de branqueamento preocupantes.
Impactos na saúde humana
As mudanças climáticas representam uma ameaça significativa à saúde global. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), fatores ambientais, incluindo os relacionados às mudanças climáticas, tiram a vida de aproximadamente 13 milhões de pessoas anualmente.
Os impactos na saúde incluem:
- Maior incidência de doenças respiratórias devido à poluição do ar e alergenos
- Aumento de doenças transmitidas por vetores (como dengue, malária e febre amarela) que se expandem para novas áreas devido ao aquecimento
- Mortes relacionadas ao calor durante ondas de calor extremas
- Desnutrição devido à redução na produção de alimentos
- Problemas de saúde mental relacionados a desastres climáticos e deslocamento forçado
Um estudo publicado na revista The Lancet estimou que, sem ação significativa contra as mudanças climáticas, estas poderiam causar aproximadamente 250.000 mortes adicionais por ano entre 2030 e 2050.
Insegurança alimentar e hídrica
As mudanças climáticas estão afetando a produção agrícola global através de secas, inundações, ondas de calor e mudanças nos padrões de precipitação. De acordo com o IPCC, para cada 1°C de aumento na temperatura global, a produtividade do trigo diminui em cerca de 6%, do arroz em 3,2%, e do milho em 7,4%.
No Brasil, projeções indicam que o aquecimento do planeta pode causar uma redução nas safras de milho de aproximadamente 5,5% a cada grau de aquecimento. Isso representa uma séria ameaça à segurança alimentar, especialmente considerando que a população global continuará crescendo nas próximas décadas.
A segurança hídrica também está ameaçada, com muitas regiões enfrentando escassez de água devido a mudanças nos padrões de precipitação e derretimento acelerado de glaciares que alimentam rios importantes. Estima-se que até 2050, mais de 5 bilhões de pessoas poderão viver em áreas com escassez de água pelo menos um mês por ano.
Deslocamento populacional e conflitos
Com o aumento dos impactos climáticos, mais pessoas estão sendo forçadas a abandonar suas casas. Na última década (2010-2020), eventos relacionados ao clima provocaram surpreendentemente o deslocamento de, em média, 23,1 milhões de pessoas por ano.
Estes “refugiados climáticos” enfrentam desafios significativos, incluindo perda de meios de subsistência, problemas de saúde e dificuldades de integração em novas comunidades. A crise climática também pode exacerbar conflitos existentes e criar novos, especialmente em regiões onde recursos como água e terra cultivável já são escassos.
Estudos indicam que, sem medidas significativas de mitigação e adaptação, até 143 milhões de pessoas poderiam se tornar “migrantes climáticos” até 2050, deslocando-se dentro de seus próprios países em busca de lugares mais habitáveis.
O papel do IPCC e acordos internacionais
O Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) tem sido principalmente fundamental para consolidar o entendimento científico sobre as mudanças climáticas e informar políticas globais. Criado em 1988 pela Organização Meteorológica Mundial (OMM) e pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), o IPCC reúne centenas de cientistas de todo o mundo para avaliar as evidências científicas relacionadas às mudanças climáticas.
Os relatórios do IPCC têm fornecido a base científica para acordos internacionais cruciais, como o Protocolo de Kyoto (1997) e o Acordo de Paris (2015). Inclusive este último representa o esforço global mais significativo até o momento para combater as mudanças climáticas, com o objetivo de limitar o aquecimento global a bem abaixo de 2°C acima dos níveis pré-industriais, preferencialmente limitando-o a 1,5°C.
O sexto relatório de avaliação do IPCC, concluído em 2023, apresentou as evidências mais contundentes até agora sobre a influência humana no clima, pois o mesmo concluiu com “certeza inequívoca” que as atividades humanas são responsáveis pelo aquecimento observado e destacou que limitar o aquecimento a 1,5°C exigirá “reduções profundas, rápidas e sustentadas nas emissões de gases de efeito estufa”.
Soluções para enfrentar as mudanças climáticas

Todavia enfrentar efetivamente as mudanças climáticas requer uma abordagem dupla: mitigação (reduzir as emissões de gases de efeito estufa) e adaptação (ajustar-se aos impactos já inevitáveis). Vamos explorar algumas das soluções mais promissoras:
Transição energética
A descarbonização do setor energético é fundamental para combater as mudanças climáticas. Isso envolve a transição de combustíveis fósseis para fontes de energia renovável, como solar, eólica, hidrelétrica e geotérmica.
Nos últimos anos, o custo das energias renováveis tem caído drasticamente. Desde 2010, o custo da energia solar fotovoltaica diminuiu aproximadamente 85%, enquanto o da energia eólica caiu cerca de 55%. Em muitas regiões, as energias renováveis já são mais baratas que os combustíveis fósseis, mesmo sem subsídios.
O Brasil tem uma posição privilegiada nesse cenário, com uma matriz energética relativamente limpa em comparação com muitos países desenvolvidos. Cerca de 46% da energia consumida no Brasil vem de fontes renováveis, em comparação com a média mundial de aproximadamente 14%. No entanto, ainda há um grande potencial para expandir a geração de energia solar e eólica no país.
Eficiência energética
Melhorar a eficiência energética em edifícios, transportes e indústrias pode reduzir significativamente as emissões. Estratégias incluem melhor isolamento em edifícios, iluminação e eletrodomésticos mais eficientes, processos industriais otimizados e veículos com menor consumo de combustível.
Estudos indicam que medidas de eficiência energética poderiam reduzir as emissões globais em até 40% até 2040, muitas vezes com economias de custos significativas. Por exemplo, edifícios com certificação LEED (Leadership in Energy and Environmental Design) consomem, em média, 25% menos energia do que edifícios convencionais.
Restauração de ecossistemas e soluções baseadas na natureza
A restauração de florestas, manguezais, turfeiras e outros ecossistemas ricos em carbono pode sequestrar grandes quantidades de CO₂ da atmosfera. Estas “soluções baseadas na natureza” não apenas ajudam a mitigar as mudanças climáticas, mas também oferecem benefícios adicionais, como conservação da biodiversidade, regulação hídrica e redução da erosão do solo.
O Desafio de Bonn, uma iniciativa global, visa restaurar 350 milhões de hectares de terras degradadas e desmatadas até 2030. No Brasil, o Pacto pela Restauração da Mata Atlântica tem como objetivo restaurar 15 milhões de hectares de floresta até 2050, o que poderia sequestrar aproximadamente 2 bilhões de toneladas de CO₂.
Agricultura sustentável
Práticas agrícolas sustentáveis, como agricultura de conservação, sistemas agroflorestais e manejo integrado de nutrientes, podem reduzir as emissões do setor e aumentar o sequestro de carbono no solo, pois com estas práticas também melhoram frequentemente a resiliência das culturas às mudanças climáticas.
A agricultura regenerativa, que enfatiza a saúde do solo, a biodiversidade e o ciclo de nutrientes fechado, tem mostrado potencial para transformar terras agrícolas de emissores líquidos para sumidouros de carbono. Um estudo recente estimou que a adoção global de práticas de agricultura regenerativa poderia sequestrar até 9,7 bilhões de toneladas de CO₂ equivalente anualmente.
Mobilidade sustentável
O setor de transportes é um dos maiores contribuintes para as emissões de gases de efeito estufa. A transição para veículos elétricos, transporte público eficiente, infraestrutura para ciclismo e pedestres, e a redução da necessidade de viagens através de planejamento urbano inteligente são estratégias importantes para descarbonizar este setor.
A adoção de veículos elétricos está acelerando globalmente. Em 2023, as vendas de veículos elétricos representaram aproximadamente 14% do total de vendas de carros novos, um aumento significativo em relação aos 4% em 2020. No entanto, para maximizar os benefícios climáticos, a eletricidade usada para carregar esses veículos deve vir de fontes renováveis.
Economia circular
A transição de um modelo econômico linear (extrair, produzir, descartar) para um modelo circular (reduzir, reutilizar, reciclar) pode reduzir significativamente as emissões associadas à produção e ao consumo. A economia circular minimiza o desperdício e a extração de recursos, mantendo produtos e materiais em uso pelo maior tempo possível.
Estudos estimam que a adoção de princípios de economia circular poderia reduzir as emissões globais de gases de efeito estufa em até 45% até 2030, além de gerar trilhões de dólares em oportunidades econômicas.
Políticas e financiamento climático
Políticas eficazes, como precificação de carbono, padrões de eficiência energética, incentivos para energia renovável e regulamentações para reduzir o desmatamento, são essenciais para direcionar a economia para um caminho de baixo carbono.
O financiamento climático – tanto público quanto privado – também é crucial. O Acordo de Paris estabeleceu uma meta de mobilizar US$ 100 bilhões por ano em financiamento climático para países em desenvolvimento. No entanto, as estimativas sugerem que serão necessários trilhões de dólares anualmente para financiar a transição para uma economia de baixo carbono e resiliente ao clima.
A urgência da ação climática
O tempo para agir está se esgotando rapidamente. Para ter uma chance razoável de limitar o aquecimento global a 1,5°C, as emissões globais de gases de efeito estufa precisam ser reduzidas pela metade até 2030 e atingir zero líquido até 2050. Isso exigirá transformações sem precedentes em todos os aspectos da sociedade.
O último relatório do IPCC deixa claro que cada fração de grau de aquecimento importa. Os impactos a 2°C são significativamente piores do que a 1,5°C. Por exemplo, com 2°C de aquecimento, praticamente todos os recifes de coral tropicais seriam perdidos, enquanto a 1,5°C, entre 70-90% seriam perdidos – ainda devastador, mas com alguma chance de recuperação.
A boa notícia é que temos as tecnologias e conhecimentos necessários para reduzir drasticamente as emissões. O que precisamos agora é de vontade política, investimento e ação em todos os níveis da sociedade.
O que você pode fazer?
Embora as mudanças climáticas exijam ações em larga escala por governos e indústrias, as ações individuais também são importantes. Aqui estão algumas maneiras pelas quais você pode contribuir:
- Reduza seu consumo de energia: Opte por aparelhos eficientes, desligue equipamentos quando não estiverem em uso, e considere a instalação de painéis solares se possível.
- Repense sua mobilidade: Use transporte público, compartilhe caronas, caminhe ou pedale para trajetos curtos, e considere um veículo elétrico ou híbrido na próxima troca.
- Adote uma dieta mais sustentável: Reduza o consumo de carne, especialmente bovina, e opte por alimentos locais e sazonais.
- Reduza, reutilize e recicle: Minimize o desperdício, reutilize itens quando possível e recicle corretamente.
- Apoie políticas climáticas: Vote em candidatos com agendas climáticas ambiciosas e pressione representantes para apoiar políticas climáticas eficazes.
- Eduque-se e aos outros: Mantenha-se informado sobre questões climáticas e compartilhe conhecimento com amigos e familiares.
- Considere compensações de carbono: Para emissões que você não pode evitar, considere apoiar projetos que reduzem ou removem emissões de carbono em outros lugares.
Perguntas frequentes sobre mudanças climáticas
O que é a diferença entre mudanças climáticas e aquecimento global?
O aquecimento global refere-se especificamente ao aumento da temperatura média da superfície da Terra. As mudanças climáticas englobam o aquecimento global e seus efeitos, como alterações nos padrões de precipitação, aumento de eventos climáticos extremos, elevação do nível do mar e outras mudanças nos sistemas climáticos da Terra.
As mudanças climáticas são realmente causadas pelos humanos?
Sim. Mais de 99% dos estudos científicos revisados por pares concordam que as atividades humanas, principalmente a queima de combustíveis fósseis e o desmatamento, são a principal causa das mudanças climáticas observadas nas últimas décadas. O consenso científico sobre este ponto é extremamente forte.
Não está muito tarde para fazer algo sobre as mudanças climáticas?
Não, ainda há tempo para evitar os piores impactos das mudanças climáticas, mas precisamos agir rapidamente e de forma decisiva. Cada fração de grau de aquecimento que evitamos é importante e salvará vidas, espécies e ecossistemas. Como diz o ditado: “O melhor momento para agir era há 30 anos. O segundo melhor momento é agora.”
O que acontecerá se não fizermos nada sobre as mudanças climáticas?
Se continuarmos no caminho atual de emissões (“business as usual”), as projeções indicam que poderíamos ver um aquecimento de 3-4°C até o final deste século. Desse modo levaria a impactos catastróficos, incluindo eventos climáticos extremos muito mais frequentes e intensos, elevação do nível do mar que inundaria muitas cidades costeiras, colapso de ecossistemas, insegurança alimentar e hídrica generalizada, e centenas de milhões de refugiados climáticos.
As mudanças climáticas estão realmente afetando a frequência de eventos climáticos extremos?
Sim. Há fortes evidências científicas de que as mudanças climáticas estão aumentando a frequência e intensidade de muitos tipos de eventos climáticos extremos, incluindo ondas de calor, secas, tempestades severas e inundações. A “atribuição de eventos extremos” é um campo científico emergente que pode agora quantificar como as mudanças climáticas afetam eventos específicos.
O que são “emissões líquidas zero” e por que são importantes?
Emissões líquidas zero significam que a quantidade de gases de efeito estufa liberada na atmosfera é equilibrada pela quantidade removida. Isso é essencial porque mesmo com nossas melhores tecnologias e esforços, algumas emissões serão inevitáveis. Para estabilizar o clima, precisamos atingir emissões líquidas zero globalmente até meados deste século.
Como as mudanças climáticas afetarão o Brasil especificamente?
O Brasil enfrentará diversos impactos das mudanças climáticas, incluindo:
- Aumento de eventos climáticos extremos, como secas no Nordeste e inundações no Sul e Sudeste
- Alterações nos padrões de precipitação que afetarão a agricultura e o abastecimento de água
- Elevação do nível do mar afetando cidades costeiras
- Impactos na biodiversidade, especialmente na Amazônia, que pode se aproximar de um ponto de inflexão onde partes significativas poderiam se transformar em savana
- Aumento de doenças transmitidas por vetores, como dengue, zika e malária
O que mudará no meu dia a dia com as ações contra as mudanças climáticas?
A transição para uma economia de baixo carbono trará muitas mudanças positivas no dia a dia, como:
- Ar mais limpo e menos poluição
- Cidades mais habitáveis com mais espaços verdes e melhores opções de transporte
- Novas oportunidades econômicas em setores verdes
- Alimentos mais saudáveis e sustentáveis
- Tecnologias mais eficientes e economia de custos a longo prazo
- Comunidades mais resilientes a extremos climáticos
Conclusão: Um chamado à Causa
Em suma, as mudanças climáticas representam o maior desafio ambiental que a humanidade já enfrentou, mas também uma oportunidade para repensar nossa relação com o planeta e construir um futuro mais sustentável e equitativo. Contudo, com o conhecimento científico sólido, tecnologias cada vez mais acessíveis e crescente consciência pública, temos as ferramentas necessárias para mudar o cenário que estamos vivendo atualmente. Vamos recobrar a consciência para que tomemos uma atitude e comecemos a agir pelo bem do nosso planeta.
Mas e aí? Você já fez a sua parte hoje? Se não! A partir de agora já tem toda motivação necessária, inclusive informações valiosas para compartilhar com os outros. Desse modo, podemos conscientizar o máximo de pessoas a esta causa. Isto é fazer a diferença!